sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

FADIGA MUSCULAR E DOR MUSCULAR TARDIA

Na fisiologia do exercício, define-se como fadiga muscular o declínio na capacidade de gerar tensão muscular com a estimulação repetida. Indicar um único agente causador da fadiga muscular seria imprudente e incompleto. Dada à complexidade da geração de energia dentro da célula muscular, temos inúmeros fatores que afetam o desempenho muscular e consequentemente levam à fadiga do músculo. No sistema nervoso central ocorre o comando de todas as atividades voluntárias realizadas pela musculatura. Recentemente o conceito de fadiga central tem sido cada vez mais aceito e valorizado.

Por mecanismos ainda não bem definidos, o cérebro agiria, de forma inconsciente, como fator limitante nas atividades físicas extenuantes. Esse comando, para que movimentos musculares sejam interrompidos, seria uma forma de evitar lesões em músculos e até mesmo em outros órgãos como o coração, já que essas estruturas estariam perto do limite da sua produção energética. Ao ultrapassar essa capacidade máxima de produzir energia, esses músculos e órgãos estariam correndo um grande risco de lesão.

O sistema nervoso periférico é o responsável por essa sensibilidade e pela transmissão de impulsos tanto para a produção de atividade muscular quanto para sua parada. A junção neuromuscular é o local de transição entre o nervo periférico e as células musculares produtoras de movimento. Existem várias substâncias nessa junção que intermediam os comandos que foram emitidos pelo cérebro e chegaram até o músculo através dos nervos periféricos. Ao chegar à junção esse impulso elétrico libera substâncias (como a serotonina e acetilcolina) que são responsáveis pelo estímulo de contração realizado pelas fibras musculares. Ao ocorrer esse estímulo a célula muscular utiliza suas reservas de geração de energia e busca na corrente sanguínea uma suplementação desses substratos (carboidrato, gorduras e proteínas).

Assim sendo, podemos considerar que a fadiga é produzida por vários fatores que têm relação com as exigências específicas do exercício que a produziu. Por exemplo: em um exercício submáximo prolongado a diminuição dos estoques de glicogênio muscular leva a incapacidade do músculo em produzir sua contração. Por maior que seja a oferta de oxigênio à essa célula, ela não conseguirá produzir energia na ausência de seu principal substrato. Já nos exercícios de alta intensidade e curta duração a principal causa da falência muscular e consequente interrupção do exercício se dão pela falta de oxigênio (que atua não como combustível, mas como substancia tampão) e um aumento drástico na concentração de ácido láctico. Nesse caso também ocorre uma depleção rápida das reservas energéticas de consumo imediato existentes dentro da célula (compostos principalmente por fosfato e aminoácidos específicos  conhecidos como sistema ATP-CP).

Já a DOR MUSCULAR DE INÍCIO TARDIO é uma dor residual que aparece nos músculos exercitados após muito tempo sem atividade. Ela pode aparecer logo após os exercícios e persistir por 3 a 4 dias. As hipóteses mais prováveis para sua etiologia são:



 Minúsculas lacerações nas fibras musculares responsáveis pelo exercício;

 Lesão no arcabouço que reveste a fibra muscular (composto por tecido conjuntivo) causado por excessivo estiramento ;

 Retenção de líquidos nos tecidos ao redor das fibras musculares;

 Alteração na concentração de cálcio intracelular;

 Espasmos na célula muscular;

 Combinação dos fatores acima.

Sua prevenção seria realizada através de um preciso planejamento de retorno às atividades físicas após algum período de inatividade. Priorizar exercícios de baixa intensidade com tempo de duração progressivamente maior pode ser a principal arma de prevenção contra estes fatores.

Postado por: Gleidson Rebouças



Especialista em Fisiologia do Exercício – Universidade Veiga de Almeida/RJ

Mestrando em Avaliação Física – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Portugal

Coordenador da Clínica Integrada de Educação Física – Uni-RN

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