sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CORTISOL E EXERCÍCIO FÍSICO

Que o exercício físico tem um papel fundamental na melhoria de vida do ser humano, todo mundo já sabe. O que nem todo mundo sabe é que o exercício físico ao quebrar a homeostase altera diversos sistemas fisiológicos, dentre eles o sistema endócrino. Este sistema é para muitos, sinônimo de preocupação, pois as desordens hormonais podem trazer resultados trágicos para o indivíduo. Contudo, a atividade física tem poder de alterar certas configurações que são, ao contrário do que muitos pensam, maravilhosamente benéficas para o praticante e nos protegem do ataque de alguns hormônios indesejáveis para um dado objetivo.

O cortisol é o principal glicocorticóide produzido pelo córtex suprarrenal (10-20 mg diários) e afeta profundamente o metabolismo da glicose, das proteínas e dos ácidos graxos livres (Mcardle, Katch e Katch; 2008). Após ser sintetizado, o cortisol passa para o sangue, mas sua concentração não permanece constante todo o dia (80 – 100 minutos). As situações com uma alta carga emocional ou as demandas estressantes da atividade física estimulam uma glândula chamada hipotálamo a secretar um fator de liberador de corticotropina que por sua vez irá induzir a glândula hipófise a liberar outro hormônio chamado de Adrenocorticotrópico (ACTH). Este último promoverá a liberação dos glicocorticóides (dentre eles o cortisol) pelo córtex suprarrenal (glândula localizada logo acima dos rins). Nesse efeito dominó de liberação de hormônios os resultados apontam para o catabolismo de proteínas em todas as células do organismo com exceção do fígado (Wilmore e Costill, 2001).

É fato de que altas cargas de treino e períodos incompletos de recuperação e descanso entre as sessões programadas podem levar o praticante a uma condição de overtraining e altas concentrações de cortisol. Mas embora o cortisol possa produzir efeitos colaterais, o treinamento induz o desenvolvimento de diversos mecanismos para proteger os tecidos de tais efeitos deletérios. Diversos estudos apontam para isso e mostram que mesmo após períodos estressantes de treinamento de longa duração os sujeitos investigados ou não apresentam mudanças nos níveis de concentração do cortisol de repouso e em alguns casos houve diminuição destes níveis, fato esse que os pesquisadores relacionaram com melhora no desempenho (Dressendorfer, et al, 1991; Maestu, Jurimae e Jurimae, 2003; Wheeler, et al, 1991; Wittert, et al, 1996; Fernandez-Garcia, et al, 2002; Bonifazi, et al, 1995; Bauer, et al, 2000). A Principal razão para isso está atribuída à modulação dos níveis séricos de cortisol livre (forma ativa) pela ligação à globulina ligante do cortisol ativando a enzima conversora do cortisol em cortisona que é sua forma inativa. Com isto o organismo torna-se menos responsivo ao estresse o que traz efeitos benéficos para a saúde física e mental, protegendo-nos das conseqüências do estresse crônico e de doenças relacionadas ao estresse. Portanto, pessoas que tem um dia-a-dia muito estressante por qualquer motivo psicossocial e/ou emocional e que não se inserem em uma prática regular de atividade física, estão muito mais susceptíveis aos danos causados pelo efeito catabólico do cortisol em sua forma ativa. Dessa forma, mexa-se e vá depressa procurar um profissional de Educação Física graduado e devidamente habilitado junto ao Conselho Regional de Educação Física – CREF da sua região para estar prescrevendo e acompanhando suas rotinas de treino com segurança e objetividade.

Postado por: Gleidson Rebouças

Especialista em Fisiologia do Exercício – Universidade Veiga de Almeida/RJ

Mestrando em Avaliação Física – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Portugal

Coordenador da Clínica Integrada de Educação Física – FARN


Nenhum comentário:

Postar um comentário