segunda-feira, 16 de abril de 2012

POR QUE TREINAR EQUILÍBRIO?

  Os exercícios funcionais podem ser usados tanto como treinamento quanto como tratamento. Geralmente exercícios que visam o fortalecimento e estabilização da região da lombar, abdômen e quadril, e que fazem um recrutamento não só de uma determinada musculatura, mas sim, condicionando o corpo de uma forma mais generalizada.


Como já mencionado em outras postagens, o treinamento funcional tem vários pilares, entre eles o trabalho específico de equilíbrio.


Turbino (1994) define equilíbrio como a qualidade física adquirida diante de uma combinação de ações musculares com a intenção de assumir e manter o corpo sobre uma base contra a gravidade, existindo, assim, dois tipos, o equilíbrio estático e o dinâmico.


 A manutenão da estabilidade corporal durante exercícios desportivos esteve sempre vinculada com a força da musculatura central, interna (estabilizadores primários como multífidus, oblíquo abdominal interno e transverso do abdomen) e externa (eretores espinhais, quadrado lombar, oblíquo abdominal externo e reto anterior) considerada um requisito importante.


Há um mecanismo intimamente ligado ao equilíbrio, a propriocepção, também denominada como cinestesia, sendo um termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. Esse tipo de percepção, permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. 


Vamos saber mais sobre propriocepção? 


Incorretamente, empregado como sinônimo de sensação somática, equilíbrio e estabilidade articular dinâmica, Sherrington propunha que os proprioceptores contribuem para a regulação da postura global (equilíbrio postural) e postura segmentar (estabilidade articular).


Atualmente propriocepção é definida como o conjunto de informações aferentes oriundas das articulações, músculos, tendões e outros tecidos projetadas para o sistema nervoso central (SNC) para processamento, influenciando as respostas reflexas e o controle motor voluntário. É extremamente importante a compreensão de que a propriocepção limita-se somente a aquisição do estímulo mecânico e sua transdução em estímulos neurais, não possuindo influência com o processamento no SNC e na resposta motora.


As informações proprioceptivas são oriundas dos receptores musculares e tendíneos, denominados fuso muscular e órgão tendinoso de Golgi, e receptores localizados nos ligamentos, cápsula articular, meniscos e tecidos cutâneos. 


Por que a propriocepção é importante? 


A propriocepção contribui para manter a estabilidade articular dinâmica, assim, melhorando a capacidade de resistir a uma perturbação ou retomar a postura adequada após perturbações.


Estudos demonstraram que mesmo após a reconstrução do ligamento cruzado anterior, apesar da restauração da estabilidade mecânica alguns pacientes continuaram a apresentar episódios de falseio no joelho, isso porque a diminuição do mecanismo proprioceptivo gera indiretamente alterações no controle neuromusuclar, que, associado à instabilidade mecânica leva a instabilidade funcional.


A instabilidade funcional, consequentemente, predispõe a novas lesões e desta forma um ciclo de lesões se inicia.


 Assim, o processo de reabilitação deve ser planejado de modo a reverter estas alterações, permitindo aos pacientes o retorno ao nível prélesão, através da integração das sensações periféricas relativas à propriocepção e ao processar destes sinais em respostas motoras eficientes, atenuando ou revertendo totalmente a instabilidade funcional originada pela lesão. Com o objetivo de gerar padrões de ativação muscular adequado, devem-se estimular posturas vulneráveis que necessitem de grande estabilização muscular preparatória e reativa.




Exercícios que trabalham equilíbrio






Postado por: Odiléia Corrêa










Referências Bibliográficas


Portela, T.. O Efeito de um treino em superfícies instáveis.Dissertação de Mestrado em Treino de Alto Rendimento Desportivo apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. 2010.


Leporace, Gustavo; Metsavaht, Leonardo; Sposito, Maria Matilde. Importância do treinamento da propriocepção e do controle motor na reabilitação após lesões músculo-esqueléticas.


Sherrington CS. The integrative action of the nervous system. New York: Scribner´s Son; 1906.









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